Olinda faz parte de uma extensa lista de cidades ao redor do mundo fundadas sobre sete colinas. Muitas são ilustres, como Roma, Atenas, Lisboa e Macau, na China. As duas últimas, curiosamente, fizeram parte da vida do fidalgo e militar português Duarte Coelho, que havia representado a Coroa na China em 1517, antes de sua chegada ao litoral Pernambucano.
Centro histórico de Olinda visto a partir de Recife
Duarte Coelho tinha como objetivo desenvolver as plantações de cana-de-açúcar na região, utilizando mão de obra escrava. Ao chegar às colinas onde hoje fica Olinda, depois de passar pelo canal de Santa Cruz e fundar o povoado de Igarassu, ele teria exclamado "Oh, linda situação para se construir uma vila!", batizando e fundando, em 1535, o povoamento onde até então ficava a aldeia indígena de Marim dos Caetés, devidamente cooptada como rezava a cartilha colonial para com os nativos mais beligerantes. Acabou nomeado o primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco, e Olinda foi proclamada sua sede.
Desde sempre a história de Olinda esteve entrelaçada a da vizinha Recife, da qual é somente dois anos mais nova, e originalmente seu porto. Ambas foram tomadas e saqueadas pelos holandeses em 1630. Os novos ocupantes naturalmente se sentiram mais em casa na paisagem aquática e plana de Recife, onde se estabeleceram por 23 anos.
Entra em cena o conde Maurício de Nassau, que chegou em 1637 para governar uma grande região que se estendia de Alagoas até o Maranhão, a Nova Holanda. Recife era sua capital e passou a ser conhecida como Mauritsstad (Cidade Maurícia). Foi um período próspero, de construção de infraestrutura, relações amistosas com latifundiários e comerciantes locais e liberdade religiosa, mas os holandeses também passaram a comandar o tráfico de escravos africanos para o Brasil.
Nassau acabou demitido pela Companhia das Índias Ocidentais por desavenças, deixando o país em 1644. Com os novos mandatários, as relações já não foram tão boas e depois de dez conturbados anos, os holandeses foram finalmente expulsos em 1654 pelo levante conhecido como Insurreição Pernambucana.
Depois de reconstruída, Olinda se recuperou, mas passara a enfrentar o crescimento de Recife, que no final do século 17 chegou a ser considerada uma das maiores cidades da América do Sul, além do declínio da cultura canavieira.
A região ainda passou por outros importantes conflitos e revoltas, como a Guerra dos Mascates, no século 18, entre os comerciantes portugueses de Recife (os mascates) e os barões do açúcar, e a Revolta Praieira, movimento separatista e liberal que eclodiu em 1848.
Recife acabou consolidando sua liderança e, em 1827, foi declarada capital. Como aconteceu em boa parte das cidades históricas pelo mundo, foi justamente a decadência de Olinda que permitiu que hoje suas ladeiras e monumentos históricos permanecessem preservados como uma pintura do século 18.
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