sexta-feira, 11 de maio de 2012

História de Olinda remete ao início da colonização brasileira




Olinda faz parte de uma extensa lista de cidades ao redor do mundo fundadas sobre sete colinas. Muitas são ilustres, como Roma, Atenas, Lisboa e Macau, na China. As duas últimas, curiosamente, fizeram parte da vida do fidalgo e militar português Duarte Coelho, que havia representado a Coroa na China em 1517, antes de sua chegada ao litoral Pernambucano.


Centro histórico de Olinda visto a partir de Recife

Duarte Coelho tinha como objetivo desenvolver as plantações de cana-de-açúcar na região, utilizando mão de obra escrava. Ao chegar às colinas onde hoje fica Olinda, depois de passar pelo canal de Santa Cruz e fundar o povoado de Igarassu, ele teria exclamado "Oh, linda situação para se construir uma vila!", batizando e fundando, em 1535, o povoamento onde até então ficava a aldeia indígena de Marim dos Caetés, devidamente cooptada como rezava a cartilha colonial para com os nativos mais beligerantes. Acabou nomeado o primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco, e Olinda foi proclamada sua sede.


Desde sempre a história de Olinda esteve entrelaçada a da vizinha Recife, da qual é somente dois anos mais nova, e originalmente seu porto. Ambas foram tomadas e saqueadas pelos holandeses em 1630. Os novos ocupantes naturalmente se sentiram mais em casa na paisagem aquática e plana de Recife, onde se estabeleceram por 23 anos.

Entra em cena o conde Maurício de Nassau, que chegou em 1637 para governar uma grande região que se estendia de Alagoas até o Maranhão, a Nova Holanda. Recife era sua capital e passou a ser conhecida como Mauritsstad (Cidade Maurícia). Foi um período próspero, de construção de infraestrutura, relações amistosas com latifundiários e comerciantes locais e liberdade religiosa, mas os holandeses também passaram a comandar o tráfico de escravos africanos para o Brasil.

Nassau acabou demitido pela Companhia das Índias Ocidentais por desavenças, deixando o país em 1644. Com os novos mandatários, as relações já não foram tão boas e depois de dez conturbados anos, os holandeses foram finalmente expulsos em 1654 pelo levante conhecido como Insurreição Pernambucana.

Depois de reconstruída, Olinda se recuperou, mas passara a enfrentar o crescimento de Recife, que no final do século 17 chegou a ser considerada uma das maiores cidades da América do Sul, além do declínio da cultura canavieira.

A região ainda passou por outros importantes conflitos e revoltas, como a Guerra dos Mascates, no século 18, entre os comerciantes portugueses de Recife (os mascates) e os barões do açúcar, e a Revolta Praieira, movimento separatista e liberal que eclodiu em 1848.

Recife acabou consolidando sua liderança e, em 1827, foi declarada capital. Como aconteceu em boa parte das cidades históricas pelo mundo, foi justamente a decadência de Olinda que permitiu que hoje suas ladeiras e monumentos históricos permanecessem preservados como uma pintura do século 18.

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