segunda-feira, 23 de abril de 2012

Polícia prende quadrilha especializada em revenda de carga roubada



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Além de revender produtos de limpeza roubados, o grupos fabricava clandestinamente cosméticos
Foto: Malu Silveira / NE10

Do NE10 Com informações de Malu Silveira
ATUALIZADA ÀS 12H34
Quatro pessoas foram presas na Operação Carga Segura, da Polícia Civil, através da Delegacia de Polícia de Roubos e Furtos de Cargas (DPRFC). As investigações levaram à prisão de quatro homens envolvidos em uma quadrilha especializada em receptação e revenda de carga roubada. As prisões ocorreram no dia 4 de abril e na última quinta-feira (19). Outras duas pessoas estão foragidas.

Produtos de limpeza roubados e cosméticos foram apreendidos pelos policiais

De acordo com o delegado titular Osias Tibúrcio, as investigações em torno da quadrilha começaram em março deste ano, após o roubo de uma carga de produtos de limpeza, em fevereiro. No dia quatro, os policiais descobriu um depósito clandestino no bairro de Peixinhos, em Olinda, Grande Recife, onde esta carga roubada estava armazenada. No depósito, também funcionava uma fábrica clandestina de comésticos, onde cerca de 13 empregados trabalham na produção de óleo bronzeador, gel fixador, côlonia infantil e outros produtos sem o registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).


A carga roubada chegou a cinco mil volumes (Foto: Reprodução)
A fiscalização apreendeu cinco mil volumes de produtos de higiene , o que corresponde a quase três mil litros de substâncias. Na ação, o argentino Vicente Iantorno, 59 anos, foi preso em flagrante e encaminhado para o Cotel, em Abreu e Lima.

Nos dias seguintes, os outros membros da quadrilha foram identificados. Na quinta (19), mais três envolvidos foram presos: Everaldo Pedrosa de Oliveira, 45 anos; Sidear Marcelino de Oliveira, 38 anos, e Francisco José Santos Chagas, 22 anos. Todos também foram encaminhados para o Cotel. Já Marcos Petrônio Lima Pereira, 32 anos - conhecido como Marquinhos e líder do bando - e Wilber Tenório Castanha, 33 anos, estão sendo procurados pela polícia.

A quadrilha atuava recebendo os produtos roubados e ocultando no depósito em Peixinhos. Depois de interceptadas, as mercadorias eram revendidas com emissão de notas fiscais falsas. Até o momento, um mercadinho em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, foi identificado como um dos estabelecimentos que compraram os produtos ilícitos. O dono prestou esclarecimento na delegacia e foi liberado. No vídeo abaixo, o delegado Osia Tibúrcio dá dicas sobre como identificar depósitos de cargas roubadas:
Cada integrante tinha uma função específica na quadrilha. "As cargas eram divididas de acordo com a finalidade e os participantes desenvolviam tarefas próprias, desde transporte até a administração financeira", explicou o delegado Osias. O argentino Vicente Iantorno era técnico em Química e ficava responsável pela composição de fórmulas e preparação dos produtos cosméticos; Everaldo Pedrosa cuidava da parte financeira e recebia as cargas interceptadas; Cidear Marcelino era o dono do imóvel que funcionava como depósito; Wilber Tenório era um um dos sócios da empresa e vendia as mercadorias interceptadas; Francisco José era o motorista da quadrilha; todos comandados pelo líder Marquinhos.

Para Osias Tibúrcio, a quadrilha atuava sem nenhum preparo. "Eles não tinham o profissionalismo de quem trabalha corretamente com logística, sem nenhuma organização". As investigações apontam que a ação criminosa já devia estar na ativa há mais de seis meses e que o próprio líder do bando, Marquinhos, vendia o óleo bronzeador há mais tempo.

Marcos Pereira poderia também ter participação em interceptação de outros roubos - como cargas de televisores e bebidas -, o que elevou bastante o estilo de vida do suspeito. Somente no dia 30 de março, o líder da quadrilha teria gastado R$ 4.912 em compras de eletrônicos. Todas as pessoas ouvidas na investigação também afirmaram que Marquinhos era uma espécie de agiota, emprestando dinheiro a juros.

Os presos foram indiciados por receptação qualificada, com pena de reclusão entre três e oito anos, e fabricação de produtos sem registro, qualificado como crime hediondo, que tem pena entre 10 e 15 anos. 

SAÚDE PÚBLICA - De acordo com o gerente geral da Apevisa (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária), Jaime Brito, o grupo entrou com solicitação de registro para a fábrica de cosméticos em 2009, mas houve exigências e eles nunca mais voltaram a solicitar novo registro.

No final de março deste, o orgão recebeu uma denúncia sobre um dos produtos fabricados no depósito ilegal. "O consumidor havia comprado um gel fixador que havia causado uma reação alérgica em uma criança".


O caso foi passado para a Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial, mas devido à interdição da unidade depois da Operação Corsário, que desarticulou uma quadrilha formada por delegado e policiais civis, a investigação foi suspensa e repassada posteriormente para o Depatri (Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais), através da DPRFC, que descobriu de onde a carga suspeita vinha.

Os produtos apreendidos serão mandados para análise. "Já que não têm registro e não há como saber a composição definicidade, todos os produtos passarão por análises detalhadas", explicou Jaime Brito.

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