sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Crianças e adolescentes do Peti de Olinda escrevem contos de assombração


As histórias foram desenvolvidas por meninos e meninas entre 7 e 15 anos. As três melhores ganharam publicação no site da prefeitura e farão parte de um livro

Por Alessandra Loyo
Foram dois meses intensivos de estímulo à leitura e à escrita. O desafio foi a produção interativa de uma história de terror com as 395 crianças e adolescentes atendidas pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil em Olinda (Peti), estimulada com atividades lúdicas, diariamente. A iniciativa faz parte do projeto Ciranda de Livros, uma ação permanente que acontece há 3 anos no Peti, nos 13 núcleos em funcionamento na cidade.
Para que os participantes entrassem no clima, realizaram uma atividade de campo, com os familiares e vizinhos, sobre as histórias de assombração de ontem e de hoje conhecidas na comunidade. Em seguida, a garotada recebeu a primeira parte do texto  “CRAC, CREC, CRÁS!”, do escritor Flávio de Souza (autor do programa Castelo Rá-Tim-Bum da TV Cultura). Eles teriam de dar continuidade ao conto, sem concluí-la. Uns escreverem sozinhos, outros se dividiram em grupos.
O resultado foram 75 produções. A equipe pedagógica do Peti escolheu 30 e destas, os educadores identificaram 10 para serem finalizadas e ilustradas pelos monitores do projeto. Daí a equipe
pedagógica selecionou os 3 contos mais adequados. Foram observados a continuidade, coerência, coesão, personagens e criatividade das obras.
Estes contos estão publicados logo abaixo e farão parte de um livro com produções e fotos das crianças e das atividades realizadas no projeto. Esse registro será distribuído nos núcleos do Peti em Olinda.
Para a coordenadora pedagógica do Peti, Fátima Angelim, “ensinar a gostar de ler para além de aprender a ler, é talvez a coisa mais importante que a família, a escola e os projetos sociais educativos podem fazer para o desenvolvimento de crianças e adolescentes”.
As crianças e adolescentes do Peti que tiveram seus textos selecionados para publicação foram: Renata Stefany Fernandes Reis, Maria Beatriz dos Santos Muniz, Maria Rita de Oliveira Soares, Lo-Ruama Gonçalves de Souza, Antônio Carlos da Silva Filho, Raysa Dayane de Almeida, Letícia Bezerra dos Santos, Wanderson José da Silva, Jonas Alberto da Silva Júnior, Ingrid da Silva e Fábio Felipe da Silva.

Melhores textos “CRAC, CREC, CRÁS”

Ilustração para o conto “CRAC, CREC, CRÁS” – Autor: Emanuel Messias Júnior (9 anos) – Nossa Voz em Ação
Ilustração para o conto “CRAC, CREC, CRÁS” – Autor: Emanuel Messias Júnior (9 anos) – Nossa Voz em Ação
Pedro estava de cama, com gripe, mas queria estar jogando bola com os amigos. De repente, uma voz começou a provocá-lo. Porém no quarto só estavam ele e o gato. Absurdamente, a voz era dele mesmo. O menino ficou desesperado, pois não estava falando nem pensando aquelas palavras. O som CRIC se ouviu quando a voz ameaçou surgir no espelho. O CRÁS trouxe o silêncio. Tudo estava diferente. Como um vampiro, ele não tinha mais reflexo. O garoto estava preso no espelho! De fora do quarto, vieram gritos desesperados da irmã, da amiga dela e da faxineira. Quando surgiu a mãe, Pedro viu o machado de seu pai passar voando pela porta. Desesperado, ele não podia fazer nada…
De dentro do espelho Pedro viu do outro lado um fantasma e deu um grito que todo mundo escutou. Enquanto todos estavam assustados porque estavam vendo Pedro dentro do espelho e não sabiam como ajudá-lo, Pedro via o machado voando por trás deles e ninguém percebia porque todos estavam de costas olhando para o espelho.
Dentro do espelho Pedro andava na escuridão até que deu de cara com uma claridade que brilhava bem longe lá no fim do túnel da escuridão. Ele seguiu a luz até que achou uma casa e disse: – Agora eu consigo sair daqui. A esperança dele era encontrar dentro da casa uma saída para o mundo real, mas não foi isso o que aconteceu dentro da casa. Logo na entrada da casa ele levou um susto, pois deu de cara com um caixão. Muito assustado pensou em ir embora dali. De repente a porta a porá fechou sozinha e ele olhou para cima e viu várias aranhas olhando para ele. Pedro olhou para frente e viu um enorme gabiru e saiu correndo e gritando pela casa: – Socorro! Socorro!
Enquanto isso, fora do espelho as pessoas tentavam pensar em alguma coisa para salvar Pedro, pois dentro do espelho ele continuava a correr pela casa. Mas… quando menos esperava… Pedro encontrou uma janela e pulou para fora. Lá fora encontrou várias portas e, em uma delas, estava escrito com sangue:”Encontre o gato feiticeiro, monte o quebra cabeça de cacos do espelho e vença o duelo com seu lado mau.”
Sem demora, CREC: Pedro abre a porta e vê um mundo aterrorizante de sombras. E começa a procurar o gato. Mesmo com medo ele pergunta as sombras onde estava o gato, mas as sombras não respondem. Pedro caminhou… caminhou… pelo vale das sombras até descobrir onde o gato morava. Chegando lá encontrou dois súditos do gato e pediu para entrar e eles permitiram.
- Você pode me ajudar? – perguntou Pedro ao gato.
- O que você quer que eu faça?- respondeu o gato.
- Me ajude a montar o quebra cabeça de cacos e vencer o duelo com meu lado mal.
- Vou lhe ajudar. Vou fazer uma magia. – falou o gato.
O gato pega o caldeirão e faz uma magia. De repente o quebra cabeça aparece nos pés de Pedro e o gato ajudou a montar os cacos. Então apareceu uma pista: “Descubra o seu lado mau.”
- E agora como eu vou vencer o duelo?- pergunta Pedro ao gato feiticeiro.
- Você vai ter que descobrir sozinho!!! E… CABUM!!!! O gato desapareceu em uma nuvem de fumaça cinzenta.
-Ah!!! Já sei. Meu lado mau é o meu lado desobediente. Eu tenho que passar pelo espelho pensando em fazer várias coisas ruins. – falou Pedro e passou pelo espelho.
Ao atravessar o espelho Pedro acorda e percebe que tudo não passou de um pesadelo. E ainda assustado Pedro abraçou toda sua família, mas ele nunca conseguiu esquecer este pesadelo. De vez em quando ele ainda pensa que vê sombras e martelo voador.
Autores/as 1ª parte: Renata Stefany Fernandes Reis (12 anos) – Centro S. Lourdes Melo
Autores do final: Maria Beatriz dos Santos Muniz (11 anos) – Centro S. Lourdes Melo e Maria Rita de Oliveira Soares (10 anos) – Centro S. Lourdes Melo
Obs.: A primeira parte do texto, em itálico, é de autoria do escritor paulistano Flávio de Souza, autor do programa Castelo Rá-Tim-Bum da TV Cultura.

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