quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Prédios agora podem contratar seguro contra pichações a jovens de Olinda por preço simbólico





Cidade patrimônio da humanidade, Olinda ganha hoje a Brigada de Combate a Pichação. Imagem: Ed Wanderley/DP/D.A Press
Ed Wanderley/DP/D.A Press



Quem anda nas ruas de uma cidade marcada por seu caráter histórico, como Olinda, se depara com muito mais que cores e arquitetura marcantes, mas também inúmeras depreciações dos imóveis. Além da falta de conservação, que muitas vezes castiga as edificações, a ação de vândalos, com pichações, acabam poluindo visualmente o cenário. Pensando em minimizar as investidas de pichadores, um grupo de trabalho de proteção a imóveis públicos e privados contra este tipo de ação foi criado em Olinda, nesta quarta-feira (31).
Na prática, a Brigada de Combate à Pichação, como foi batizada, funciona como uma espécie de seguro. As empresas que contratam o serviço podem pedir a ação de grafiteiros, cadastrados na iniciativa, sempre que a fachada dos imóveis for danificada pela ação de pichadores. De quebra, jovens em situação de vulnerabilidade social passam a ser beneficiados pelo trabalho, com qualificações e remuneração. A proposta, assinada pelo vereador João Luiz Silva (PSB), será liderada pelo Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente (Condaco), que deverá atuar em toda a Região Metropolitana do Recife.
De acordo com o parlamentar, cerca de 50 prédios já aderiram ao projeto, cujo objetivo é atuar no longo prazo, agindo além da conscientização imediata da população sobre os danos das pichações. “Os jovens infratores terão uma alternativa para buscar a profissionalização, participando de oficinas de qualificação com o artista plástico da Fundarpe, Félix Farfan se sendo acompanhados por grafiteiros. Além disso, com a frequente cobertura das ‘marcas’ dos pichadores, esperamos uma perda de interesse por esse tipo de comportamento.”, afirma João Luiz.

Desde maio deste ano, o ato de pichar ou o comércio e porte de latas spray por menores de 18 anos passou a ser crime. A lei 12.408, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, inclusive, define a área de atuação dos grafiteiros, diferenciando-os dos pichadores. Esses dois lados da moeda foram vivenciados por Leo Gospel, que além de grafitar, também é tatuador. “Quando era adolescente, achava graça em pichar, até porque era barato conseguir a tinta. Desde 2000, decidi investir na grafitagem, que hoje é minha principal forma de sustento, por isso sei que vai ser interessante passar essa arte para outros jovens na mesma situação”, garante.
O Condaco será responsável pelo cadastro e convocação dos jovens que serão beneficiados pela iniciativa, bem como pela negociação dos seguros contra as pichações. Os imóveis passarão por uma vistoria para que o valor do acordo seja estipulado, conforme a área do edifício. O valor contribuirá para a aquisição dos materiais envolvidos nas pinturas e em uma bolsa de apoio aos jovens, equivalente a meio salário mínimo. Os interessados devem entrar em contato com o órgão pelo número (81) 3305-1053.

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